Arquivo | março, 2011

Ariany

31 mar

Quem a viu, a viu calada. Eu ouvi todas as suas palavras mais profundas. Quem a viu, a viu meiga. Eu conheci o ser humano errônio que existe até mesmo em você. Quem a viu, a viu sorrindo com timidez. Eu ouvi o eco da sua risada malandra e seu pranto incontido. Quem a viu, viu compreensão. Eu presenciei sua própria vontade, seu pitaco, seu ponto de vista. Quem a viu, a viu boneca. Eu conheci a mulher maravilhosa que você traz dentro do peito. Quem a viu, viu fragilidade. Eu acompanhei sua luta, sua força, sua fé, sua coragem e juntas comemoramos as suas vitórias. Quem a viu, a viu coadjuvante. Eu a vi estrela principal da nossa amizade, irmandade e companheirismo. Quem a viu, a viu refém. Eu tive-a como heroína. Teus olhos de verde mar imenso encantou ao mundo. E a mim, trouxe a inspiração. Quem a quer, quer por perto. Eu a quero feliz, tenho-a no coração. Quem comemora o aniversário, festeja os almejados dezoito anos. Eu agradeço, numa prece silenciosa, a sua vida. O meu maior presente. Que o teu afeto me afetou, é fato. Ariany Bonadio.

Missing you.

30 mar

Esses dias amanheci pura saudade. E quando a gente fica assim, porra, fica chato pra caramba. Fica com mania de ficar cutucando as feridas porque é gostosinho aquela dor até sangrar e chorar. Feridas de saudade doem. E nem sempre o que dá é nostalgia. Mas aí me lembro de quanto eu queria te beijar aquele dia no cinema e fiquei só brincando com o seu dedo na minha barriga. Você parou pra me perguntar se eu tava usando seu dedo pra fazer carinho em mim mesma e eu corri pra dizer que NÃO, de jeito nenhum. Porque fazer carinho em si mesmo é muito ridículo. Mas no fundo, eu acho que eu estava sim. Estava me divertindo, estava me segurando pra não te agarrar e mandar você parar com essa mania de me levar tão na brincandeira quando o que acontece entre a gente é tão sério. Deixei pra lá e até parei de brincar com seu dedo. Você não entende isso. Ou talvez entenda e só não queira enxergar. E sim, eu ando acordando com saudades até dos dias em que me senti exprimida dentro do meu sentimento. Aí eu ouço sua voz no telefone e choro. Eu vejo sua foto e choro. Eu recebo sua mensagem e choro. Me deixa chorar. Eu só queria te abraçar um pouquinho e matar toda a saudade que eu tô sentindo de me sentir protegida e querida e eterna. Porque a gente é cheio de defeitos e brigas e de inconstância, mas no fundo a gente sabe o quanto somos pra semrpe e isso me dá cosseguinha na alma por decobrir que o eterno existe. Eu choro porque me dá saudade de correr na sua direção e de você me girar e me encher de areia enquanto comemorávamos um gol na praia. O seu gol na praia. Eu acordei com saudade de você beijar a minha barriga e dizer que adorava adorava adorava ela. De rir do Chavez e de repetir as falas do Chapolin. Eu acordei com uma profunda saudade de como o meu coração acelerou naquela noite, no quintal, diante de tanta lua e violão. E é por isso que eu te escrevo de cinco em cinco minutos e deixo pra lá tudo o que eu tenho pra fazer. Deixo pra lá o meu dever de ser forte e independente. Porque eu já dependo do seu sorriso.

Larissa.

17 mar

Seus olhos sorriem como eu nunca tinha visto antes. E então eu sorri também. Seu riso enche qualquer lugar. Sua lágrima destrói qualquer coração. Seu abraço é abrigo. Suas mãos servem para guiar e acolher. Fico perdida diante de tanto coração e alma e exemplo. Que não criança, mulher, sei lá. Larissa é alguém além. Além de estrelas, pressupostos, esteriótipos e preconceitos. Ela me inspira para um texto pequeno e com palavras aparentemente  pobres, mas com um coração cheio de vontade de entregar-lhe o mundo em um simples ‘Feliz Aniversário, minha amiga!’.

A menina dos olhos desenhados.

3 mar

Sempre olhei-a de longe. Sempre tive uma curiosidade mórbida para saber quem era e de onde vinha. O que queria? O que escondia? Pra onde iria? Quando a conheci e desfiz todas as lendas, já era tarde demais. Tinha tornado-me vilã. Era o pior pesadelo para aquela que, meu Deus, era mesmo só uma menina. Uma menina muito mais doce do que eu pude imaginar. Primeiro veio a admiração, o encantamento. Depois, uma raiva profunda. A menina era, assim como eu, uma mulher. E me dava ódio do pouco caso que fazia disso. Uma vergonha. Sentia raiva porque eu e só eu sabia o quanto lutei para ser mulher. O quanto ela também lutou para ser mulher. E agora queria ser apenas a menina doce. Por fim, fiquei realizada de ser a vilã, fazer a vida dela um inferno. Aprenda, minha filha. Aprenda que contos de fadas não existem. Eu te fiz chorar e, escondida, chorei junto todas as suas lágrimas. Elas eram minhas também. As suas dores já me foram provocadas um dia. Por monstros bem visíveis e humanos. Agora, minha vez. Mas não pense que fiz por mal. Quis te fazer crescer como nunca. Deixar de ser menina. Esconder a menina. Por favor, não se deixe tão entregue, tão inofensiva. Mostre suas garras, ainda que sejam falsas como as minhas. Acredite, as dores nos fazem vencedoras. Vai, supere, levante. Se ergua, pelo amor de Deus. Não, ela não queria saber. E meu ódio só aumentava. Sua arma, a piedade. Seu refúgio, a fantasia. Seu pecado, o amor. Não, isso não é nobre! Acorde para a vida, meu anjo. Acorde. Eu a fiz sofrer como nunca. Eu provocava crises de loucura. Eu arrancava seus piores sentimentos. Eu mostrei-lhe o bicho ruim que ela era, que todos nós somos. Você, menina, é mulher, é ser humano, é podre por dentro, assim como eu. Você, menina, está fazendo isso errado. Seja um pouco mais dona de si. Não se entregue. Tomei conta dela. Me pedia perdão, me falava coisas que não vinham do coração. Eu a transformei numa cobra. Eu sofria com isso. Mas estava, no fundo, realizada. Está vendo? Você está muito longe da perfeição. Então porque insiste em ser a criança pura? Se vista, coloque a roupa de mulher independente e madura. Eu queria cuspir em seu rosto todas as verdades cruéis do mundo. Mas não, preferia ser má. Preferia fazê-la enxergar o camaleão que é a maldade humana. E meu ódio só aumentava com toda a humilhação a que ela se prestava. A garota doce de olhos bem desenhados era meu maior projeto de salvar as pessoas de suas ingenuidades. Eu estava empenhada. Eu fazia de tudo. Eu estava a um ponto da loucura. Quando enfim consegui fazê-la desmoronar, caí em sua armadilha: ela me mostrou que eu ainda tinha inocência em mim. Então choramos juntas. Eu, como sempre, escondida. Ela, comos empre, para um público, dramatizando. Queria esmurrá-la. Apenas, e pela primeira vez, dei carinho. Fomos em um segundo, amigas. E ela foi-se para sempre. Acreditei, por um momento, ter conseguido fazê-la virar gente. Mas aí, então, recebo a notícia: ela encontrou uma nova forma de ser criança e acreditar no príncipe encantado. E eu aqui deixo minha única confissão: no fundo, bem no fundo, admiro sua coragem de se doar ao mundo.

Tudo que vai.

2 mar

Mais estações sozinha do que de costume. Abracei a mochila e fiquei com o rosto encostado nos braços. Acordei um pouco carente, um pouco sensível, coisa de mulher. Odiei passar por tudo que passo a cada manhã. Não consigo me concentrar em nada que não seja essa mistura borbulhando em algum lugar do meu corpo. Preciso descobrir onde é, preciso. Ainda acho as pessoas lindas, encantadoras, interessantes. De longe. No silêncio. No silêncio do metrô balançando comigo dentro. Olhava pela janela e via a cidade ficando atrás de mim. Correndo pra longe de mim. Ou eu correndo pra longe dela. Graças a Deus, estou chegando em casa. Graças a Deus? A casa que me sopra aos ouvidos a sua ausência prometida. E ela veio conversar. Chorei no metrô, a umas quatro estações longe da minha. Era você no fundo do peito. Era você me dizendo adeus, de longe. Porque aí constatei: era amor. O amor brega. O amor que me fez ligar pra você cheia de tequila na cabeça e ficar fazendo voz de criança. O amor que me deixa patética e me faz escrever um monte de bobeira no blog, no caderno, no celular. É, o amor. Mas você lembra? Eu tenho medo dele. Eu odeio o amor. Eu não convivo bem com essa ideia. E toda vez eu fujo, eu corro. Se agora acredito que é amor, é porque deve acabar. Devo ir embora. Porque eu te amo.Foram duas lágrimas que escorreram. Apenas duas, o suficiente. Escuras de rímel, de tristeza, por partir. Mas sinceras e sabidas de que agora, enfim, você seria para sempre. Nada dura para sempre. E por isso a gente não tem a menor chance. Mas eu aprendi que tudo permanece. Tudo que a gente escolhe, fica. E tudo que eu amo, eu deixo ir, mas em mim fica. Para o sempre que não existe. Agora você vai. Como um dia ele já foi, como tudo e todos vão a todo momento. Eu vou ficar aqui na estação chorando de saudade e da dor que é essa sensação de perda. Eu vou ficar lembrando do nosso primeiro beijo e do quanto você foi importante para curar todas as minhas feridas. Vou permanecer. Não à sua espera, mas crente no nosso juramento. Perdida na lembrança de nossas brincadeiras bobas. Presa à sua voz no telfone. E se um dai você voltar, porque tudo também um dai volta, eu ainda serei a menina, despida de toda essa força que finjo ter. Ainda serei a menina assustada que só você enxergou. Eu chorei duas lágrimas por saber que a hora de partir está próxima, mas quero que você preste atenção: você foi o amor diferente e foi, assim mesmo, amor. Você foi minha maior esperança e eu sempre serei a sua menina.